domingo, 2 de setembro de 2012

Avançar na luta pelo livre acesso do povo ao ensino superior



É grave a situação do acesso ao ensino superior em nosso país. A falta de vagas impõe que apenas 14% dos jovens entre 18 e 24 anos tenha acesso a um curso superior, menor índice de toda América do Sul. Para completar, cerca de 76% das matrículas acontece nas instituições de ensino privado, que cobra altas mensalidades e oferece, em geral, uma educação de baixa qualidade, desvinculando ensino, pesquisa e extensão.

Ao longo dos últimos anos tem ganhado força a mobilização pelo livre acesso à universidade e pelo fim do vestibular, o grande instrumento da exclusão da juventude ao ensino superior. Por outro lado, os setores elitistas na educação, envolvidos na defesa da meritocracia, apresentam que a expansão representa perda de qualidade e, portanto combatem todas as medidas nesse sentido.
No dia 8 de agosto foi aprovado no senado o PLC 180/2008, o PLC das cotas nas universidades federais. De acordo com a nova legislação, 50% das vagas disponíveis nas universidades federais serão reservadas para estudantes oriundos de escolas públicas e de baixa renda. Ainda dentro dessa porcentagem, uma fatia será destinada a negros, indígenas e pardos, de acordo com a proporção existente em cada estado, segundo o IBGE. O projeto prevê a implantação gradativa das cotas, sendo que chegarão a 25% em 2013 e 50% em 2016.
A exclusão para estudantes de escolas públicas e negros é ainda mais gritante
Os índices da educação pública no país são uma prova viva da falta de prioridade e atenção que os governos dedicam à educação. De acordo com o próprio IDEB do MEC, o ensino médio (base para a formação dos estudantes) tem uma média nacional de 3,7 numa escala de 0 a 10.
Em diversos estados é comum a falta de professores, e mesmo terminando o ano letivo sem ter acesso ao conteúdo definido pela LDB os estudantes passam para as séries seguintes. Para esses estudantes, se diz que é democrático “disputar” as vagas do ENEM contra os demais que podem pagar por cursinhos, cursos de idioma e professores particulares.
Segundo dados do PNAD 2008, a média de escolaridade de brancos, é de 8,3 anos, e a de negros é de 6,5 anos. Há ainda o dado mais alarmante que é o dos jovens universitários, enquanto 35,8% dos jovens brancos em idade universitária estão frequentando cursos superiores, 16,4% dos negros estão na mesma situação.
Há, portanto uma disputa desigual no acesso às vagas das universidades. É preciso dar melhores condições de acesso à juventude oriunda das escolas públicas e da juventude negra, que é ainda mais marginalizada no ensino superior.
Apenas os setores mais conservadores da sociedade tentam negar essa realidade e a política de cotas, onde foi implementada não representou nenhuma queda na qualidade de ensino, pelo contrário, permitiu a inclusão de jovens extremamente comprometidos com a sua formação.
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), pro exemplo, divulgou que 49% dos cotistas passaram em todas as matérias no primeiro semestre, contra 47% dos egressos sem cotas. Já a UNICAMP, uma das principais instituições do país, divulgou que a média dos cotistas do curso de medicina em 2005 (primeiro ano das cotas) foi de 7,9 enquanto os não-cotistas ficaram com a média de 7,6.

Estudantes à luta!
Queremos mais que cotas! Assistência estudantil e livre acesso já!
Mesmo com esse avanço, a aprovação do PLC 180/2008 está longe de representar a verdadeira democratização do acesso ao ensino superior, pois não altera a essência da exclusão que é a falta de vagas. Basta ver que cerca de 6 milhões de pessoas se inscreveram no ENEM 2013 para apenas 300 mil vagas nas instituições públicas.
Precisamos garantir a universalização do acesso ao ensino superior, entendendo que a educação é um direito do povo e não um serviço que deve ser regulado pelas leis do mercado e que exclua os jovens como temos visto no Brasil.
Dar condições aos cotistas de seguir seus cursos com condições dignas de permanência é outra questão que não podemos abrir mão, com a construção de residências e restaurantes universitários, bolsas e uma efetiva política de assistência estudantil.
É hora de unir os estudantes para lutar por oportunidades iguais para todos, pondo fim a exclusão do ensino superior e tornando a universidade aberta a todo o povo. Como bem disse, Ernesto Che Guevara: “a Universidade deve pintar-se de negro, mulato, operário e camponês, ou o povo a invadirá e pintará com as cores que quiser.”

0 comentários:

Postar um comentário

Outros posts

 
Design by Wordpress Theme | Bloggerized by Free Blogger Templates | coupon codes