quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Ensino Integral só se for com boa estrutura e condições de estudo!

Como se já não bastasse a decisão autoritária do Governo do Estado da Paraíba de repassar para a "Ecos" e para a "Insaúde" a gestão dos serviços de apoio das escolas estaduais paraibanas, enviando para estas Organizações Sociais(OSs) grandes montantes de dinheiro para que elas utilizem da forma que quiserem, desprezando a gestão democrática do orçamento público da educação e garantindo para os dirigentes destas OSs altos salários, agora o governo decide transformar 16% das escolas estaduais em escolas integrais, passando por cima da opinião da maioria dos estudantes e prejudicando a categoria dos professores. A partir de 2018, 100 escolas estaduais paraibanas se tornarão "Escolas Cidadãs Integrais".

Na Paraíba, até mesmo as principais escolas, como o Liceu Paraibano, passam por dificuldades estruturais. Banheiros sem estrutura para banhos, salas de aula sem climatização, pouca variedade da merenda, professores mal-remunerados: este é o cenário da educação pública na Paraíba. No entanto, o governo desconsidera isso, finge que está tudo bem e quer fazer mágica impondo o ensino integral em quase 70 escolas estaduais a mais. Não temos estrutura para o ensino integral!

O pior é a evasão que esta decisão pode produzir. Uma escola que possui 20 salas de aula e 40 turmas(somando os turnos da manhã e da tarde), terá que reduzir a quantidade de turmas para apenas 20. Deste modo, ou as turmas que possuem, por exemplo, 40 alunos, terão que se transformar em turmas com 80 alunos, ou essas turmas continuarão com o mesmo número de alunos, fazendo com que as escolas reduzam em 50% o número de estudantes matriculados. Uma escola com 800 estudantes matriculados atualmente só terá condições de receber 400 estudantes quando começar a valer o ensino integral em 2018.

A evasão também se dará entre os professores. Caso um professor trabalhe numa escola da rede estadual e numa outra da rede municipal, ele terá que cortar o vinculo com uma das escolas, se dedicando somente a uma delas, recebendo um salário menor do que recebia antes e tendo uma carga horária maior de aulas. Deste modo, os professores das escolas que se tornarão integrais não possuem a garantia de que vão continuar nas suas instituições de ensino, passando inclusive pela possibilidade de terem se submeter a processos seletivos.

Neste sentido, a Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas, entidade que organiza a defesa dos direitos estudantis paraibanos, se coloca de forma contrária a esta decisão do governador Ricardo Coutinho e do secretário estadual de educação, Aléssio Trindade, pois nós acreditamos que as escolas estaduais paraibanas não possuem estrutura para receber o ensino integral e porque há um risco iminente de cessar a oferta de cursos técnicos em várias escolas que atualmente ofertam formação técnica aos seus alunos.

O governador precisa entender que não é com medida provisória que se resolve os problemas da educação. Os problemas da educação e suas soluções devem ser debatidas com os estudantes e com os professores.

Somos contra o ensino integral da forma como está sendo colocado! APES na luta!








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