Não à reformulação do Ensino Médio de TEMER-Mendoncinha!
“Ser culto, para ser livre!”. Com essa
afirmação o líder revolucionário latino-americano José Marti, deixou
clara a necessidade do acesso ao conhecimento para a conquista da
liberdade, seja enquanto indivíduo ou para toda a sociedade.
Não à toa o direito ao saber, a dominar
as ciências naturais e humanas sempre foi algo negado ao povo
brasileiro, que viu projetos e modelos educacionais retrógrados e
conservadores durante praticamente todos os séculos desde a famigerada
ocupação europeia e o genocídio contra os povos nativos de nosso
território.
Inegavelmente, o crescimento do acesso à
educação vivido nas últimas décadas foi acompanhado de um progressivo
sucateamento das condições de ensino, através da precarização das
relações trabalhistas e salariais de professores e
técnico-administrativos, falta de condições estruturais nas escolas, bem
como um processo de ensino-aprendizagem que não acompanha as mudanças
tecnológicas e no acesso a informação que vivemos hoje, resultando numa
escola distante de cumprir seu papel social e de formar cidadãos
críticos e preparados para integrar-se ao processo produtivo na
sociedade.
Nesse sentido, existe uma clara disputa
de concepção e de modelo educacional, entre uma escola tradicional,
ainda herdeira da época da ditadura militar, tecnicista, pautada na
repetição de exercícios e esquemas, sem reflexão, e uma escola crítica e
questionadora, que valoriza a interdisciplinaridade, a
contextualização, antenada às transformações que o mundo vive, sem
perder sua referência na formação do cidadão e de uma busca constante
pelo entendimento do papel de cada indivíduo na sociedade.
Basta conhecer um pouco a educação
básica para saber que esse primeiro modelo tem larga hegemonia de norte a
sul do país, o que implica em estudantes desmotivados, com pouca
apropriação de conteúdos e, quando muito, preparados apenas para
responder uma prova do ENEM, para que a partir daí, os que ingressarem
no ensino superior obtenham uma determinada formação profissional.
Governo golpista propõe grave ataque ao ensino médio
Nos últimos dias, o tema da reformulação
do ensino médio tem ganho destaque na mídia, e em toda a pauta
educacional brasileira, a partir da edição de uma Medida Provisória que
institui a chamada “Política de Fomento a Implementação de Escolas de
Ensino Médio em Tempo Integral”, alterando as Leis de Diretrizes e Bases
da Educação.
Entre as grandes medidas propostas pela
MP estão a retirada de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes e
Educação Física da Base Nacional Comum Curricular, e ainda a redução das
demais disciplinas, com exceção de Português e Matemática, dos três
anos do ensino médio.
Essa alteração curricular ocorreria de
forma integrada com a ampliação da carga horária para 7h diárias, sem
levar em conta sequer o impacto que essa mudança representará nas
escolas que tem, via de regra, ensino médio ofertado durante os turnos
de manhã e tarde. Institui ainda a ideia de “créditos” a exemplo das
universidades, com o objetivo de “flexibilizar” os conteúdos e permitir
aos estudantes optarem pelo que pretendem estudar.
Quer dizer, uma profunda mudança em toda
estrutura da educação básica, que exigiria uma verdadeira revolução na
infraestrutura das escolas, a devida valorização de todos os
profissionais da educação, e claro, um profundo debate na sociedade para
estabelecer quais os parâmetros desse novo currículo, sua relação com a
“experiência prática de trabalho no setor produtivo”, de forma a
preservar que as escolas tenham autonomia frente as empresas na sua
decisão dos currículos, e como, verdadeiramente poderíamos transformar a
educação brasileira.
Mas, a verdade é que não é esse o
objetivo do governo. A edição de uma MP para tratar dessa reformulação
no ensino médio não é por acaso, pois essa proposta não se sustentaria
sobre nenhuma discussão séria sobre a educação básica no país. Para o
corrupto ministro Mendoncinha, por exemplo, os professores são
“privilegiados”, já os deputados e juízes que recebem auxilio paletó,
moradia, trabalham apenas alguns dias por semana, não.
Esse modelo pretende ampliar uma
educação tecnicista e conservadora nas escolas, impedindo debates
interdisciplinares, limitando as possibilidades de discussão e reflexão,
e vão na mesma lógica de ampliar a formação de mão-de-obra para as
empresas, de forma cada vez mais restrita e com menos domínio sobre o
conhecimento e a realidade que nos cerca.
Uma educação pobre, num grande atestado
de incompetência por parte dos governos que, diante de uma análise que a
escola vai mal, opta por reduzir seus conteúdos para que consiga-se
aprender algo. Mas que algo será esse? O de meramente reproduzir tudo
que já está ai colocado?
Para nós
esse é um momento extremamente importante e grave para toda a juventude
brasileira. Estamos diante de um dos maiores, se não o maior ataque já
vivido pela educação, onde tentam legitimar uma educação castradora de
nossos sonhos, uma educação restrita para os filhos dos pobres, cada vez
mais distante do acesso ao conhecimento.
A reformulação do ensino médio de um
governo golpista, não poderia ser diferente. Dizemos não a MP e
reafirmamos o Fora TEMER e o Xô Mendonça! A juventude quer mais, quer
poder ser livre e ter acesso as ciências, as artes, ao esporte e a
cultura. Queremos uma educação transformadora para formar pessoas
críticas, sujeitos ativos na construção de uma nova sociedade, com
valores humanos e não mercadológicos.
Sejamos realistas! Exijamos o impossível!
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